O produto das células principais das glândulas paratireoides, o paratormônio (PTH), é uma chave moduladora da homeostase do cálcio. Complexo em sua função metabólica, o PTH ajuda a manter o nível de cálcio sérico por meio da mobilização do cálcio da superfície óssea. O PTH também promove hidroxilação renal da 25-hidroxivitamina D. Essa última, além de ser um instrumento fundamental na absorção do cálcio intestinal, liga-se a receptores de membrana dos osteoblastos, produzindo mediadores para mobilização do cálcio e mineralização de matriz orgânica. A excessiva produção do PTH é designada como hiperparatireoidismo, classificado em primário, secundário ou terciário.
A prevalência de hiperparatireoidismo, especialmente o primário, tem aumentado nas últimas décadas em decorrência de melhorias nas técnicas diagnósticas, resultando, também, em um aumento correspondente das cirurgias de paratireoide. A correta localização de paratireoides patológicas é essencial para o sucesso cirúrgico, pois permite uma abordagem menos invasiva.
Têm sido desenvolvidas abordagens cirúrgicas minimamente invasivas que são baseadas na localização pré-operatória da patologia suspeita de paratireoide. Como resultado, ocorreu uma proliferação de modalidades e protocolos de imagem da paratireoide, resultando em dúvidas sobre suas indicações.
A ultrassonografia (USG) é a técnica de diagnóstico por imagem com menor custo para avaliação da glândula paratireoide, sendo particularmente efetiva na localização de lesões de maiores dimensões, com sensibilidade estimada de 60 a 83%.2,3 A sensibilidade da USG diminui em pacientes com hiperparatireoidismo secundário e recorrente ou hiperparatireoidismo persistente pela alta ecogenicidade das glândulas hiperplásicas (oposto dos adenomas) no primeiro caso e pela alta prevalência de ectopias glandulares no segundo.
A especificidade da USG é relativamente alta, embora, por vezes, haja certa dificuldade na diferenciação de adenomas e linfonodomegalias. As glândulas normais, geralmente, não são visualizadas pela USG por suas pequenas dimensões e diferença acústica insuficiente com o tecido adjacente. Muitos consideram a cintilografia de perfusão do miocárdio com Tc99m-Sestamibi (MIBI) o exame localizatório com melhores sensibilidade e especificidade para identificar adenomas de paratireoide; porém, a associação de MIBI e USG é recomendada porque aumenta a sensibilidade na identificação de glândulas alteradas.
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